Anita Malfatti


Biografia


Anita nasceu em São Paulo, em 02 de dezembro de 1889 foi à segunda filha do casal Samuel Malfatti e Betty Krug. Ela aprendeu a pintar com a mãe, seus estudos fora do país foram financiados pelo tio, após a morte do pai. Anita nasceu com uma atrofia no braço e na mão direita. Em função disso, aos 3 anos de idade foi levada a Itália para tentar corrigir a má formação congênita, os resultados não foram animadores e Anita teve que aprender a conviver com sua deficiência. Teve à sua disposição quando criança uma governanta inglesa que lhe ajudou nessa tarefa, desenvolvendo o uso da mão esquerda.


Período na Alemanha

Aos 20 Anos realiza a viagem com suas amigas que mudará, de forma considerável, a sua trajetória como artista. O destino foi a Alemanha, país este onde ela se matriculou da Academia Real de Belas Artes de Berlim, além de ter frequentado aulas no ateliê de Fritz Burger, um retratista que dominava a técnica pontilhista e fora o primeiro mestre de Anita. O ano na qual ela fez tal viagem fora 1910, um período onde a Alemanha passava por um momento marcante na sua História Artística. 
Durante as férias de verão, Anita e as amigas foram às montanhas de Harz, em Treseburg, região frequentada por pintores. Continuando sua viagem, visitou a 4° Sonderbund, uma exposição que aconteceu em Colônia na Alemanha, na qual conheceu trabalhos de pintores modernos, incluindo-se Van Gogh.
Teve aulas também com Lovis Corinth, nome mais conhecido do que seu primeiro mestre. Alguns anos antes, ele sofrera um acidente vascular cerebral (AVC) que, como sequela, tal como a aluna, lhe deixara alguma dificuldade motora na mão direita. Anita estava cada vez mais interessada pela pintura expressionista, desejava aprender sua técnica. Em 1913, inicia aulas com o professor Ernest Bischoff Culm da mesma escola de Corinth. Com a instabilidade política e social causada por uma guerra que se mostrava iminente, Anita Malfatti resolve deixar Berlim, antes passando por Paris.


Independência e Crítica Humilhante

Em 1914, Anita tinha 24 anos e, depois de quatro anos de estudo na Europa, voltava para o seio familiar. Anita ainda tinha o desejo de partir mais uma vez em viagem de estudos. Sem condições financeiras, tentou pleitear uma bolsa junto ao Pensionato Artístico do Estado de São Paulo. Por essa razão, montou no dia 23 de maio de 1914, uma exposição com obras de sua autoria, exposição essa que ficou aberta até meados de junho.

O senador José de Freitas Valle foi visitar esta exposição. Dependia dele a concessão da bolsa. Mas o influente político não gostou das obras de Anita, chegando a criticá-las publicamente. Entretanto, independentemente da opinião do senador, a bolsa não seria concedida. Notícias do iminente início da guerra na Europa, fizeram com que o Pensionato as cancelasse. Foi aí que, mais uma vez, financiada pelo tio, o engenheiro e arquiteto Jorge Krug, Anita embarca para os Estados Unidos, onde mora por dois anos e estuda na Art Students League sob a orientação de Homer Boss.
No início de 1915, Anita Malfatti já se encontrava em Nova Iorque e matriculada na tradicional Art Student's League. Nessa escola, Anita ia de um professor a outro na tentativa de encontrar o caminho que sonhava para seus trabalhos. Após três meses de estudos, desistiu de qualquer curso de pintura ou desenho nessa instituição, reservando-a apenas para os estudos de gravura. Anita ficou sabendo de um professor que deixava os alunos pintarem à vontade - ele lecionava na Independent School of Art e se chamava Homer Boss.
Nas férias de verão, Homer Boss levou os alunos para pintar na costa do Maine, na ilha de Monhegan. Esse Estado litorâneo mais ao nordeste, fronteira com o Canadá, tornara-se há muito o refúgio dos artistas. Foi nessa ilha que Anitta pintou, entre outras, a paisagem intitulada O farol. Passado o verão, Anita voltou à Independent School of Art. Em meados de 1916, preparava-se para voltar ao Brasil.
Voltou para o Brasil em 1917 com muitas telas prontas e realizou mais uma exposição individual com 53 quadros. A exposição causa furor nos conservadores e Monteiro Lobato, crítico de arte na época, lança um texto no jornal O Estado de São Paulo, criticando a jovem artista. No texto "Paranoia ou mistificação?", Monteiro Lobato dizia que Anita deixou-se influenciar por Picasso e sua turma. Após as manifestações de Lobato as telas que foram compradas na exposição foram devolvidas e vários outros jornais começaram a atacar Anita. No entanto, Anita teve amigos que a defenderam como Oswald de Andrade, Mario de Andrade, Menotti Del Pichia entre outros.
Devido à esse episódio marcante em sua vida, Anita só voltará ao mundo da pintura um ano depois. 

Semana da Arte Moderna de 1922

A Semana da Arte Moderna veio para quebrar o recesso do modernismo brasileiro. Aconteceu em São Paulo e, por trazer ideias que confirmavam os ideais de Anita, esta resolve participar do evento e ainda ser uma das "frentistas" desse, formando juntamente de Tarsila do AmaralMenotti del PicchiaMário de Andrade e Oswald de Andrade, o Grupo dos Cinco da arte moderna brasileira. 

Viagem de Estudo em Paris

Anita embarcava mais uma vez, em viagem de estudos para Paris. Seriam cinco anos de estudos pela bolsa do Pensionato. Este seria o último e o seu mais longo período fora do Brasil. Em agosto de 1923, ela tinha 33 anos e embarcava no vapor Mosella rumo à França. Mário de Andrade que não conseguiu chegar a tempo da partida de Anita e enviou-lhe um telegrama de desculpas. Apesar das muitas dúvidas que ainda tinha em relação a que caminho seguir na sua arte, não deixou de produzir.

Últimos Anos



No final de setembro de 1928 Anita já se encontrava no Brasil. O ambiente artístico encontrado por Anita na volta era diferente do que deixara em 1923; o grupo inicial evoluíra, surgiam novos adeptos e novos movimentos. O número de artistas plásticos também crescera. Na chegada, Mário de Andrade noticiou imediatamente sua chegada, relembrando quem ela era.
Em 1929 abria em São Paulo sua quarta individual. Depois de fechar sua exposição, até 1932, Anita dedicou-se ao ensino escolar. Retomou suas aulas na Escola Normal Americana e foi trabalhar também na Escola Normal do Mackenzie College. Em 1933, muda-se para a Rua Ceará, no bairro de Higienópolis, onde instala seu ateliê e dá aulas, inclusive para Oswald de Andrade Filho, onde permanece até 1952, com a venda da casa, com a morte de sua mãe.
Em 1964, na cidade de São Paulo, Anita Malfatti morreu.


Obras Populares


Burrinho Correndo - 1909

A Estudante Russa - 1915


O Farol - 1915


A Boba - 1916


A Mulher de Cabelos Verdes - 1916

O Homem Amarelo - 1917

A Ventania - 1917

Paisagem de Santo Amaro - 1920

A Chinesa - 1922

Paisagem dos Pirineus (Cauterets) - 1926



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